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Roteiro Sarau das Copas 

Participação do Teatro Popular de Ilhéus

ROTEIRO SARAU DAS COPAS

Tempo total: 30’´      Versão 20.7 – Condução por atores

 

 

Abertura

TODOS cantam:

Apague as luzes da cidade agitada,

Veja o brilho da natureza nua,

Ouça as histórias da noite encantada,

Todo o sentimento reflete na lua.

O céu que as mãos não alcançam,

Nutre na terra nossa vida errante,

Estrelas brilhantes que orientam,

Na esperança da manhã radiante.

Momento 1 – Ambientação

(Ambiente externo com pouca luz, tapete, bancos e música ambiente suave. As bolsas e celulares foram previamente deixados na sala do Observatório.)

CONDUTOR (BANDA executa música suave ao fundo):

Boa noite. Sejam bem-vindos ao Sarau das Estrelas. Convidamos vocês para um momento de desconexão com o ritmo do tempo ditado por nossas máquinas. Para que a magia aconteça, precisamos de um acordo. 1) Celulares desligados; 2) Silêncio 3) Posição confortável. De preferência deitados. Alguém gostaria de sair? Não?! Então vamos começar. Relaxe. Por alguns minutos vamos fechar os olhos. Faça uma massagem em seu pescoço e em seus ombros. Ouça os sons da Mata. Sinta, em sua pele, a mesma brisa que acaricia as árvores. Permaneça com os olhos fechados. Inspire pelo nariz e expire pela boca. (O condutor marca o ritmo de sua respiração. Repete 3 vezes). Ouça sua respiração. Coloque os dedos em seu pescoço e procure sua pulsação. Perceba que o ritmo está sereno. O sangue está fluindo em todo o seu corpo. Suavemente. Respire lenta e profundamente. Perceba o doce aroma da Mata. Esse ar chega aos seus pulmões e renova o seu sangue. O ar da Mata junto ao seu sangue passeia por seu corpo. Chega aos seus dedos. Chega aos seus lábios. Chega aos seus olhos. Continue respirando fundo e sinta a vibração de todo ar em que estamos imersos.

BANDA canta:

Da água para o ar

Você nasceu para

respirar

 

Agora ouça o que sente

No espaço não tem divisões

As fronteiras são criações

Como o corpo e a mente

 

Já não é noite nem dia

Não tem chão, nem teto

Fusão do ventre ao feto

Tudo é real e poesia

 

Agora ouça o que sente

No espaço não tem divisões

As fronteiras são criações

Como o corpo e a mente

Momento 2 – Reflexão homem x Natureza

CONDUTOR:

Abram lentamente os olhos. Olhem para o céu. Vamos permanecer em silêncio contemplativo por alguns instantes. (PAUSA de 1 min). Provavelmente, vocês pouco contemplam o céu. Talvez nem se lembrem da última vez que olharam para as estrelas. O céu parece não ter importância em nossas vidas. Mas nossos antepassados viviam em comunhão com a Natureza e contemplavam o céu. O que houve no passado? O que fez com que deixássemos de percebê-lo?

BANDA canta: 

Naquela cidade orgulhosa

Cheia de luzes e fumaça

A primavera é silenciosa

Que pássaro ainda passa?

 

Existem ainda estrelas?

Já nem tento vê-las.

Quem precisa delas?

Tudo se vê nas telas.

 

Vivo bem, vivo mais

Ligado às máquinas (5x)

 

Elas que me dão

engenho, arte e informação.

Elas que me dão

Alívio das dores

Oferta de amores

Luzes e estimulantes

Amigos distantes

Entretenimento

E o tic-tac do tempo

CONDUTOR:

Há algumas décadas, muitos são reféns dos moldes de nossas máquinas.

Queremos que vocês deixem de lado esse relógio das horas por um momento. A Lua. Ela já está hoje no céu? Quanto tempo faz que ela está no céu? Quanto tempo falta para ela nascer novamente? Ela estará mais brilhante hoje do que estava ontem? Estará ainda linda?

         

O homem das cidades deixou de contemplar o céu. Mas nossa psicologia e até mesmo nossa fisiologia têm raízes nos ciclos celestes. Somos uma espécie há muito tempo adaptada aos ritmos da Natureza. Sucessões de dia e noite. Fases da Lua. Marés. Estações do ano. O céu está em nós. Assim como no céu vemos o que somos.

Momento 3 – O que se vê no céu?

O que vocês veem no céu? Pensem por um minuto. (Após um minuto, passe a palavra. Faça uma rodada em que todos falarão uma palavra.)  Cada um de vocês escolherá uma palavra para falar ao grupo. (Depois da rodada).  O que você vê no céu?

BANDA canta: 

O que tem no céu?

Tem nuvens, relâmpagos, estrelas,

São Jorge, satélites, cometas,

cadentes estrelas.

 

O que tem no céu?

Tem lua, pipa, avião,

Arco-íris, sol. Tem balão

trevas, silêncio, solidão.

 

Mistério, magia e destino.

Atmosfera, vento, movimento

Deuses, chuva, histórias, sinais,

outras vidas, silêncio.

O que mais vem do céu?

Relógio, bússola, calendário,

desenho, sonho, inspiração

na lua, na pipa, no balão.

O que nada no céu?

sabiá, bem-te-vi e assum-preto.

Coruja, urubu e outros peixes.

Mas como chegar até lá?

Sabiá no céu bem que viu,

bem-te-vi já sabia lá encontrar:

a grande ponte no arco-íris

que une o céu a água e a terra.

CONDUTOR:

O céu simbólico é o reflexo de uma cultura. O céu, a terra e a vida estão entrelaçados. O homem cria simbologias e significados.  O céu orienta no tempo e no espaço. O céu orienta na carne e na alma.

BANDA canta com intervenção de atores: 

A lua, de quem é a lua?

É do lobo que caça.

Lua que ilumina as presas.

É da mulher que espera.

Lua nova reafirma o ciclo.

É das águas que avançam.

Lua inteira, atração dos mares.

É do mistério que encanta.

Lua oculta no silêncio noturno.

É do menino que sonha

Lua inatingível onde repousa o humano

CONDUTOR:

Imaginem este lugar há alguns séculos. Sem concreto, plástico ou lâmpada elétrica. Mas certamente cheio de vida. Jovens guerreiros tupinambá vivendo alegres sobre essas terras, caçando ou amando sob a luz de uma lua cheia. Enquanto lá do outro lado do oceano, um homem na Europa, Galileu Galiei, acreditava ter se tornado no dono de uma nova lua. Qual lua? A lua dos astrônomos, revelada através das lentes de um telescópio.

ATOR e CONDUTOR:

(no meio do diálogo vai surgindo a melodia da música dos desbravadores de Galileu)

ATOR: Há 414 anos, Galileu apontou um telescópio para o céu.

CONDUTOR: Ele viu que a Lua tinha crateras! Descobriu 4 luas girando ao redor de Júpiter. Ele desvelou muitas estrelinhas na Via Láctea. E observou que Vênus tem fases tal qual a Lua.

ATOR: As suas descobertas abalaram o dualismo Terra e Céu. A Terra não poderia mais existir como antes, tornou-se um astro azul que vaga pelo céu.

CONDUTOR: E o céu deixava de ser visto apenas como a morada de estrelas e deuses.

ATOR: Foi como se o céu deixasse de existir. Especialmente aquele perfeito e incorruptível. O homem deixava de ser o centro do universo amparado por um Deus nas alturas.

CONDUTOR: Entretanto, a engenhosidade humana sentiu-se livre para alçar novos voos. Criou e experimentou. Forjou uma ciência que seduz e impressiona pelos seus impactos no modo de vida dos homens sobre a Terra.

ATOR: Então, o homem passou a sentir-se capaz de moldar a natureza. Muitas vezes, seguindo um comportamento mesquinho e arrogante.

CONDUTOR: Nessa revolução impressionante dos últimos séculos, a ciência e a tecnologia trouxeram conforto e aliviaram a dor na vida dos homens. Mas ainda há muito por fazer. Com a Ciência vamos mais longe! Vamos mais depressa! Vamos mais alto! Cada vez mais! … Será?! Será?!

BANDA canta:

Os navios carregados de aventureiros

Rasgaram as lendas para navegar todos os mares

Um boato começou a circular, circular, circular:

A Terra é redonda!

Acreditem nos tempos novos, novos, novos.

Há, há, há, há, há. Um mundo para explorar.

A risada no velho mundo é brutal

Pra índios: armas, germes e fé

Há, há, há, há, há. Bem vale a pena!

 

O homem moderno quer saber

Da causa de todas as coisas

Por que cai a pedra se a soltamos?

Por que o ouro brilha e vale mais?

 

Na ânsia pelo progresso

A Ciência quer sempre liberdade

O que se diz já não basta mais

É preciso ver com os próprios olhos

Momento 4 – Entram os telescópios

CONDUTOR:

Será que os astros se movimentam? Por quê? Um astrônomo dirá que é porque a Terra gira em torno do seu eixo. Isso leva a aparência de giro da abóbada celeste. E a que velocidade giramos? Aqui em Ilhéus, a 1500 km/h! Uau! E a que velocidade giramos ao redor do Sol? A mais de 100.000 km/h!!  É... nosso planeta azul parece estar parado, mas voa pelo espaço sideral. Será? No tempo de Galileu, muita gente boa duvidava! E alguns zoavam das estranhas descobertas do cientista.

BANDA canta:

No que é, minha gente,

Que as pessoas não acreditam?

Ó Burrice! Burrice! Burrice!

Não acreditam que o diabo exista.

Mas, acreditam que a Terra rola

Perdida no espaço, como vento.

A Terra ficou bêbada! Há! Há! Há!

Segurem-se! Segurem-se todos!

Nós vamos cair! Cuidado!

Vênus já está toda torta, coitada.

Metade da bunda dela apareceu!

Tomara a Terra não caia sobre a Lua

As montanhas lunares são pontudas!

Ui! Ui! São pontudas! Pontudas!

Terra bêbada (adaptação de texto de B. Brecht) 

CONDUTOR:  

Todas as estrelas são iguais? Algumas são bem brilhantes, outras quase nem se vê. Algumas são alaranjadas, outras bem branquinhas. Quase todas cintilam e formam constelações que não se desmancham com o passar das horas ou dos anos. Você já ouviu falar sobre as Três Marias? Elas fazem parte da constelação do guerreiro Orion. E são conhecidas como Mintaka, Alnilan e Alnitak. Elas são vistas assim alinhadas aqui da Terra por um mero efeito de projeção.

(Algumas estrelas e constelações são apontadas e nomeadas)

BANDA canta:

A Ciência quer contar e classificar

as estrelas no céu

Mas não consegue imaginar

a arte que pode se encontrar

nas estrelas do céu

 

O Céu tem espaço para

todo cientista.

O Céu tem espaço para

todo artista.

 

Só não queira calcular

Quantos encantos estão guardados

pelos cantos de um céu estrelado.

Vá! Contemple o seu lugar.

Momento 5 – O Cosmos em nós

Desde milênios, o homem busca e forja significados para as coisas e fenômenos da Natureza. O que é o céu? O que são as estrelas? Para que servem? De onde viemos? Para onde vamos?  Às vezes fico a me perguntar: o que a Ciência diz sobre a nossa origem?

 

BANDA canta:

REFRÃO: O Universo não passa de um grande vazio povoado de estrelas aqui e ali, em geral agrupadas em aglomerados. Povoado também por nuvens de gás e poeira.

ATOR: Há cerca de cinco bilhões de anos, uma dessas nuvens de gás começava a condensar no espaço sideral, dando origem ao sol e a seu cortejo de planetas. E o nosso planeta era só magma incandescente. Aos poucos, o globo terrestre esfria e se solidifica em um mundo mineral e aquático. Então surge a vida no mar primordial. Os seres vivos vão ficando mais complexos à medida que o tempo passa.  Enfim, há um milhão e meio de anos, um ancestral humano adquire a verticalidade. Há um milhão e meio de anos o homem está de pé e ele eleva seus olhos para o céu.

 REFRÃO: O Universo não passa de um grande vazio povoado de estrelas aqui e ali, em geral agrupadas em aglomerados. Povoado também por nuvens de gás e poeira.

           

ATOR 2: As estrelas, o que são as estrelas? 

LARISSA: dizem os astrônomos que as estrelas são esferas de plasma a temperaturas altas o suficiente para fundir hidrogênio em hélio, o que as mantém estáveis e brilhantes.

ATOR 2: dizem os caiapó que as estrelas são buraquinhos através dos quais conseguimos ver as fogueiras de parentes que vivem numa camada superior.

LARISSA: dizem os bororó que as estrelas são a lembrança de crianças mal alimentadas por suas mães. As crianças fugiram para o céu e lá permanecem brilhando!

ATOR 2: dizem os karajá que as estrelas são as marcas do vínculo da Terra, Céu e Vida. A fertilidade da Terra tem raízes celestes.

CONDUTOR:

Existe um único céu? Não, existem tantos céus quanto culturas humanas. O céu não é só dos astrônomos.

Encerramento – convite à contemplação

CONDUTOR:

Estamos chegando ao fim dessa proposta de contemplação da Natureza. Natureza que está lá fora, e Natureza que está aqui dentro de nós. Esperamos que tenham gostado.

CONDUTOR:

Venham ao Observatório Astronômico para ver o céu através dos nossos telescópios sempre que quiserem. Mas não esqueçam de contemplar a beleza do céu, seus astros e movimentos. Para isso basta um céu aberto em um lugar sossegado longe das luzes das cidades. E sejam felizes na convivência!

TODOS cantam:

Apague as luzes da cidade agitada,

Veja o brilho da natureza nua,

Ouça as histórias da noite encantada,

Todo o sentimento reflete na lua.

O céu que as mãos não alcançam,

Nutre na terra nossa vida errante,

Estrelas brilhantes que orientam,

Na esperança da manhã radiante.

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